Prefiro revisitar minhas memórias
pra me fazer sempre nova

1 de julho de 2017

Combativa



Filhas da terra
Filhas da lua
Cada lágrima é uma gota de chuva

Nos braços a resistência de uma Era
No ventre a revolução que há muito se espera

Mãe da dor
Filha do sol
Dona do calor

Raiz da manhã eterna
Origem de cada semente sobre o barro
Firmamento, palato e terreno,
Primavera

Luz da luz do universo
Bailarina aguerrida da vida,
Nunca vai ser “sua boa menina”

Filhas das filhas
Olho de Brigida
Nossa proteção maior, divina

11 de abril de 2017

Estranho

De quem é a figura na sombra no asfalto?
De quem é esse corpo que caminha?
A quem pertence o pé que tropeça insistente?
Quem é esse que vigia o trânsito da esquina?

É você que teme os outros na avenida?
Seus parentes que dão nome aos seus caminhos?
Quem tem inveja dos namorados lá na Praça?
Quem ainda enxerga o arco-íris atrás da placa?

Sou eu quem faz jus aos próprios desatinos?
Quem deixa a pele queimar às três da tarde
Pra morrer mais um pouco daquilo que julgam maldito?

É você que acorda já desastre?
Ou seu irmão que compromete seu destino?
Escárnio da existência! Estou sozinho.

7 de fevereiro de 2017

Nunca esqueço

Dentro do redemoinho do sopro que era aquela insuprimível presença
Está aquilo que suposto era na sua irresistível indolência
O fardo do desprezado coração

Sob a luz que é a esperança
Quero desfazer a minha trança
Na névoa aromática do nosso enredo

E antes de assombrar sua existência
Vou marcar sua pele a dentes
Sentido a velocidade com a qual corre
Sob suas veias o sangue quente

E depois de tacar pedras na sua casa
Fingirei que não há mais nada
Acreditando que o passado não significa
O que imaginei que quereria

Te odeio pois a névoa tornou-se densa
Tão intensa quanto meus ruborosos sonhos
Porém não admito que após pouco – ou muito,
Não importa – tempo
Assinta a falta apertada ou frívolo apreço saudosista
Daquilo que tentei oferecer

E agora ojeriza