Prefiro revisitar minhas memórias
pra me fazer sempre nova

10 de setembro de 2015

Não tema a morte!

Não tema a morte!
Não quando ela vem pelos caminhos da Verdade.
Não tema,
Pois ela te espera com um abraço,
Acalento.
Não tema a morte,
Se o que mais buscas
É a luz.
Neste caso, a morte não é o fim:
É a redenção.

Não tema o fim da vida
Se seus pés
– embora descalços –
Trilham pela lucidez.
Espere, porém, pela solidão
E vazio de rumar alheio
Ao que o mundo oferece de pronto
De fácil
De mesquinho...

Não tema a morte através da luta.
Não! Aquela que vem pelo suor
Pelo calo
Pela dor
Pela lágrima – já seca –
Pela impunidade sofrida
Será a remição da alma
Será o calor materno
Será a aceitação divina
Num finalmente que penou findar.

Ah, mas tema o fim dos tempos
Se você viu a vida passar
Do alto do seu nariz
E se tudo que desejou foi matéria
(Física
Monetária
Jornalística
De revista
Egocêntrica
Fútil).
Tema! E tema agora,
Pois a morte te espreita
Como você à vida fácil
Ao ócio constante.
Ela espera-te, salivando,
Como você esperou
Que tudo caísse nos braços
Como sorte.
E também quando você desumanizou
Os já tão vencidos homens
Da triste sina
Da dura lida.

Tema, pois não há culpa
Remorso ou responsabilidade
Em relação a esses semelhantes
(Que serão carregados de bom grado
Ao infinito merecido
Campo verdejante do Céu)
Que o salvará de ouvir do vento
Apenas o choro estridente
Das crianças
Ignoradas.

Não engula seco!
Tome seu chá inglês
Acompanhado do goûter
Enquanto vê passar
Os derrotados, os desafortunados
Os ignorantes e os coitados
Ao empíreo
De abóbada celeste.

Sossegue, no entanto
Se a batalha da existência
O castigou impertinentemente
Enquanto buscava
Simplesmente
A quietude depois do trabalho.
Descanse, agora, e não tema
Porque depois da morte

Tudo se serena.

3 de agosto de 2015

Quero escrever um poema de amor.
Um que fale do encontro de nossas almas.

Quero compor uns versos de desejo
Que te faça dedilhar em silhuetas.
Quero, assim, medir as linhas de como amar
e frequentar com você a transcendência.
                                                                                        
Quero porque quero te cuspir mil poesias
e pintar cada estrela com seus sabores.


O pôr do sol só existe quando você vai embora.

28 de julho de 2015

Meu maior amante é o meu verso.
A ele me entrego, por inteiro.
Sem meias verdades.
Íntegra,
desnudo-me de razões.
E ele, também despido,
recebe-me, em brasa, o verso.

Não me enganam as linhas.
A essas tortas apenas empresto escrita qualquer.
E elas que se virem para devolver,
em rimas,
aquilo que, a meu verso, agrada;
assim, igualmente, meu coração.
Já que dele, Acalento, já fez ninho,
o meu verso.

Meu coração é seu ninho:
aconchego meu verso,
nunca espinho...
Mais que tema!
Meu lema: inventiva paixão.

O verso a quem sigo
é, verdadeiramente, meu farto caminho
de luz, treva e exílio,
em plena multidão.

4 de maio de 2015

Cama de noivos


O primeiro vislumbre da cama de noivos deixada pela primavera no quintal
É o último suspiro das flores antes de mancharem o chão de vermelho
E esse é só o começo...

O barulho da água, o cheiro do sabonete,
o cheiro do incenso da promoção,
o salário na carteira,
ou parte dele,
as contas pagas na mesa.

Os olhos passando às cinco horas na calçada
O vento levando as folhas. É o último suspiro das flores...
Espero que seja só o começo...
Todos voltam agora.

A expectativa deixa a porta aberta,
o coração aberto,
medo ausente
Acho que agora começa a primavera, de fato
no meu coração.

O tempo sempre estraga as melhores esperas
e vai embora.
A esperança finda,
as flores morrem no quintal.

É o tapete vermelho para a espera da estação
O alerta murcha

As flores na copa: Ainda não.

29 de abril de 2015


Regularidade do volúvel Se está dentro É dor Se está por aí É pavor Se está concentrado É esquema Se está distra...
Posted by Libertária on Quinta, 5 de março de 2015

25 de março de 2015


25 de fevereiro de 2015

Regularidade do volúvel


Se está dentro
É dor
Se está por aí
É pavor
Se está concentrado
É esquema
Se está distraído:
Problema

Se não ama a conversa
É descaso
Mas se dá atenção
Sou desbocado!
Se traz de volta:
Quebrado...
Se se apega enfim

Deixa guardado.